quinta-feira, dezembro 07, 2006

Espera


Há dentro de mim
uma espécie de repouso,
um começo sem fim,
algo de asa sem pouso,
um inquieto pousar
do vir a ser, sem chegar.
Repousa uma contida magia
que, cautelosa e mansa,
se enfia, se enrosca e desfia
uma previsão de salvar.
Salvar o que estava esquecido
num canto certo, perdido,
um verso que, ao reverso,
se põe a tergiversar.
Habita-me uma gravidez
de esperanças e milagres,
uma estranha prenhez
nos olhos, de mil lágrimas
que esperavam desaguar.
Resta apenas sair por aí
sem o medo do medonho,
tatuar a vida de sonhos
e esperar a hora chegar.


Débora Denadai

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