domingo, setembro 24, 2006

Pedro lembrando Inês


Em que pensar, agora, senão em ti?
Tu, que me esvaziaste de coisas incertas,
e trouxeste a manhã da minha noite.
É verdade que te podia dizer
“ Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos,
mudarmos apenas dentro de nós próprios?”
Mas ensinaste-me a sermos dois;
e a ser contigo aquilo que sou,até sermos
um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide.
Mas é isto o amor,ver-te mesmo quando te não vejo,
ouvir a tua voz que abre as fontes de todos os rios,
mesmo ele que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido de
irmos contra o tempo, para ganhar o tempo que o tempo nos rouba.
Como gosto, meu amor, de chegar antes de ti para te ver chegar:
com a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água fresca
que eu bebo, com esta sede que não passa.
Tu:a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,
como gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.

Nuno Júdice

Para M. só para mais tarde recordar...

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