sexta-feira, maio 13, 2005

Uma Vida Vulgar

Um cinzento Sabat numa vida vulgar.
A chuva martela gentilmente a relva.
Uma sirene da polícia apaga-se na distância.
Livros abertos jazem abandonados no soalho.

O jovem engole mais um par de comprimidos
Apenas outro ritual executado em vão.
Tentou sentir ciúme, tentou sentir raiva.
Já não confia. Já não acredita.

Traz lágrimas por verter, que jamais secarão,
Usa a contemplação para ocultar a ociosidade,
Desejando jamais ter escrito cartas de amor,

Recordando a montanha-russa emocional,
Saboreando a perfeita embriaguez da insónia,
Perseguido por uma orgulhosa fé no futuro.

Um passado capturado em fotos de encontros insanos.
Momentos fugidios de felicidade para um coração aprisionado.
A solidão dos aeroportos preenche as suas memórias.
Em cada página do seu passaporte um poema para ela.

Silenciosa e fria personificação de Nemesia,
Tudo o que ela lhe concedeu foi tristeza.
As feridas de uma alma violada estão ainda frescas.
Mas amor é o que permanece na sua ausência.

M. Daedalus

Sem comentários: