Às vezes vivo só dentro da minha cabeça,
só para lá, para dentro da minha cabeça.
Por exemplo, se houver só duas coisas a lembrar,
fecho-as logo entre quatro paredes que apertam
e sento-me para começar a vê-las lutar
Outras vezes, uma ideia escapa-me,
mergulha, viscosa, escorregadia, por um tubo de prata,
contorcido de velhas voltas que sufocam outras voltas,
até morrer num olho cansado e
deito-me a pensar se pela escadaria partida
de uma lágrima, a devo ou não libertar.
A maior parte das vezes acontece-me,
ainda dentro da minha cabeça,
não saber quando parar.
Aí, em posição fatal, aperto-a entre as mãos,
e fico, sem queixume ou som, apenas à espera
que alguém me venha buscar.
Fernando Ribeiro (Moonspell)
Sem comentários:
Enviar um comentário